Evolução na continuidade. Barómetro do Observatório de Luta contra a Pobreza na cidade de Lisboa - Fase II

Autores/as
Sónia Costa (coordenação), Marta Santos e Isabel GuerraSinopse
"A particularidade deste Barómetro é o seu centramento numa análise diacrónica em pleno contexto de crise, isto é, este não é apenas um estudo sobre a pobreza, mas um estudo que remete o desenvolvimento do país nos últimos 3 anos onde, como se verificou, a austeridade tem como impacto:
Editora
EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza | Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de LisboaSobre
i) o aumento das dificuldades das pessoas em situação de pobreza e o aumento do número de pobres,
ii) as insuficiências dos fatores de inserção no mercado de trabalho,
iii) as incapacidades das políticas sociais.
O facto de que esta situação se agravou, e que comparativamente com outros países agravou significativamente a situação dos mais pobres, mostra que as situações de pobreza e de exclusão não foram objeto de uma reflexão política global sobre o que é justo e aceitável em termos de repartição dos custos da crise no nosso país.
O agravamento que se manifestou não é apenas ao nível dos rendimentos mas das condições de vida e dos sentimentos face à sua condição num contexto comparativo onde aumentou a desconfiança e a descrença sobre os sistemas de governação. Ora a coesão social de um país depende em larga medida da perceção das formas como a riqueza e os custos do desenvolvimento são repartidos e é por isso que não é possível dissociar pobreza da desigualdade, o que desde logo afasta uma abordagem caritativa da pobreza.
A dimensão mais evidente de que a pobreza é um problema de desenvolvimento, pode analisar-se a partir da importância dos dois factos de maior inserção: o mercado de trabalho e as políticas sociais. Ora a fragilidade do mercado de trabalho tende a sobrecarregar as políticas sociais num momento de forte retração dos recursos públicos. Impossibilitados de participar no mercado de trabalho, incapazes de demonstrar a sua empregabilidade, as políticas de retoma do emprego tornam-se irrealistas e fazem crescer as filas de espera nos centros de emprego apenas porque garantem o acesso a outros benefícios sociais mesmo que diminutos.
Colocando a pobreza como um indicador do desenvolvimento (neste caso, da falta dele) estamos longe de acreditar em milagres dos dispositivos de inserção que tudo resolveriam."
(in Prefácio)