Políticas locais e acção colectiva dos imigrantes da Europa de Leste

Autores/as
Elsa DionísioSinopse
Uma das principais dimensões do mundo contemporâneo traduz-se numa maior mobilidade de fluxos migratórios internacionais e na emergência de novos países de destino destes movimentos populacionais. Portugal é hoje um dos países de destino desses movimentos migratórios, que nele procuram melhores condições de vida e a concretização das suas aspirações.
Editora
ACIDISobre
É, pois, neste novo quadro a que temos vindo a assistir, ao longo da última década, caracterizado pela entrada e fixação de um número significativo de indivíduos oriundos de países da Europa de Leste, que este movimento se apresenta, actualmente, enquanto uma das maiores comunidades imigrantes a residir em Portugal.
Neste trabalho pretendeu-se examinar a natureza das políticas locais e a acção colectiva dos imigrantes da Europa de Leste, no concelho de Lisboa. A análise dos canais institucionais locais no que respeita a integração dos imigrantes sublinha o carácter reactivo e esporádico das medidas adoptadas. Por outro lado, os resultados da pesquisa apontam para o importante papel desempenhado pelas instituições da sociedade civil, maioritariamente as Organizações Não-Governamentais, as quais, perante a inoperacionalidade dos poderes institucionais locais, se tornam elas próprias novos actores sociais activos nos processos de integração dos imigrantes e mesmo à regulação dos fluxos migratórios.
No que diz respeito ao movimento associativo dos imigrantes da Europa de Leste, o estudo sublinha a importância de organismos do poder central e das Organizações Não-Governamentais em estimular e apoiar a mobilização e desenvolvimento deste movimento associativo imigrante. Acrescenta-se ainda que independentemente dos objectivos das associações imigrantes, estas têm vindo a assumir um papel fundamental, nos processos de adaptação e de integração. Contudo, a actuação destas organizações, com vista à participação cívica e ao exercício da cidadania, é configurada por um fraco reconhecimento das associações enquanto parceiros sociais nos processos de decisão política, assim como pelo maior ou menor poder de representatividade dos seus líderes.